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Foto do escritorDra. Aline Barbosa Moraes

Consumo de cálcio na alimentação é baixo no Brasil

Um estudo brasileiro publicado em 2014 na Public Health Nutrition vem chamando atenção dos profissionais de saúde. Mais de 25 mil brasileiros de diferentes faixas etárias foram submetidos ao questionário alimentar e nos surpreendemos com os resultados: a média diária de ingestão de cálcio foi de 505 mg!!! Outro estudo brasileiro, o BRAZOS, publicado há 10 anos, também mostrou um cenário ainda mais preocupante: a média diária foi de 400mg!!


Durante a minha conversa com os meus pacientes sempre avalio os fatores de risco para fraturas e osteoporose; quando faço o inquérito alimentar para a ingestão de cálcio, observo que a maioria não ingere alimentos a base de leite e derivados. Vejam os principais argumentos:

“Tomar cálcio pode prejudicar o funcionamento dos rins.”

“Doutor, eu tenho medo que as minhas artérias fiquem com muita calcificação.”

“Meu médico disse que ingerir muito cálcio faz mal para as artérias e o coração.”


Abordar esses pontos é muito importante, pois é preciso ponderar nos argumentos que apresentam evidências.


Não existe evidência de que ingerir leite e derivados aumente o risco de cálculos nos rins. No entanto, se houver indicação médica de suplementar cálcio, devemos optar por formulações de cálcio a base de citrato.


Outro fato bastante discutido que trago nesta discussão é que as novas evidências tem mostrado que não há associação entre suplementação de cálcio em doses consideradas adequadas para manter a saúde óssea e risco de internação hospitalar, doença cardíaca ou qualquer evento cardiovascular. Considerando que a ingestão da população está abaixo do ideal com base em estudos populacionais, orientar o consumo de leite e derivados é fundamental.


Não sou a favor de indicar suplementação de cálcio para todo mundo acima de 60 anos. Não devemos esquecer que algumas apresentações de cálcio, como o carbonato, por exemplo, pode causar constipação intestinal. Gosto de iniciar a minha prescrição com orientações sobre as fontes lácteas, pois muitas delas tem outros benefícios e podem melhorar o ritmo intestinal. Somente em casos especiais, sabemos que apenas a ingestão alimentar das fontes lácteas pode não ser o suficiente e, dessa forma, a inclusão do comprimido de cálcio é necessária.


Hoje em dia temos no mercado várias apresentações de cálcio que podem ser usadas. Quando o cálcio é prescrito de forma correta não irá trazer danos aos rins, mesmo naqueles com cálculos renais.

Afinal, quais são as recomendações diárias de cálcio?
















Para saber mais sobre a quantidade de cálcio que você está ingerindo, acesse o link abaixo criado pela ABRASSO (Associação Brasileira de Avaliação Óssea e Osteometabolismo).


Referências bibliográficas:


1. Araujo MC, Verly Junior E, Junger WL, et al. Independent associations of income and education with nutrient intakes in Brazilian adults: 2008-2009 National Dietary Survey. Public Health Nutr. 2014 Dec;17(12):2740-52.

2. Pinheiro MM, Schuch NJ, Genaro PS, et al. Nutrient intakes related to osteoporotic fractures in men and women--the Brazilian Osteoporosis Study (BRAZOS). Nutr J. 2009 Jan 29;8:6.

3. Ross AC, Manson JE, Abrams SA, et al. The 2011 report on dietary reference intakes for calcium and vitamin D from the Institute of Medicine: what clinicians need to know. J Clin Endocrinol Metab. 2011 Jan;96(1):53-8.



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